terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cem de Republica

António Sérgio, filho de um almirante governador do Congo, nasceu ma distante India, em Damão, vulto liberal da cultura política da 1ª Republica que pouco se importava se Portugal era monárquico ou republicano, era sim, um defensor do ideário socialismo cooperativista, algo que único fosse português, sem marxismos ou filosofismos. Foi um vulto do pensamento que se diz hoje, pragmático. Acreditava que um povo detentor de conhecimento e cultura podia ser de novo grande e propunha como ideário político uma reforma na estrutura do ensino, capaz de  atingir o nível do estágio dos países nórdicos. Tal como outros grandes nomes do seu tempo, conhecimento e cultura política eram um meio para fins altruístas, o serviço da causa comum, para o bem-estar e desenvolvimento do país.
Ao seu Idealismo Crítico, poderíamos hoje comparar quase à Teoria da Conspiração, no sentido que cabe ao indivíduo questionar sempre, o que se apresenta como dúbio ou turvo, duvidar sempre das verdades inquestionáveis da propaganda de massas, da ditadura de informação focada e condicionada com fins estranhos à liberdade do homem. Idealismo Critico é hoje mais necessário ainda, quando um politico se afirma não pelo valor das ideias, mas pela cénica da propaganda e controlo da acção política. Para um bom político é necessária a condição de ser um bom homem, com a aspiração comum da igualdade no bem-estar social.

Na biografia deste primeiro auto didacta político do inicio do séc. XX, escrita por Carlos Alberto de Magalhães Gomes Mota (um português de alma nascido em Moçambique) pode ler-se;

“Importante seria para Sérgio o progresso económico e moral do País.” (ver referencias  aqui)

Por essa razão o empenho da Republica, implantada por seus companheiros na dissidência e oposição, devia ser vocacionado para o ensino, no porvir enriquecedor da cultura do povo e dele se conhece a primeira verdadeira reforma do ensino no Portugal Republicano.
Como Ministro da Instrução (actualmente da Educação) em apenas um ano no cargo, António Sérgio fundou o Instituto Português do Cancro (o actual Instituto Português de Oncologia). Na educação propunha bolsas de estudo no estrangeiro. Difundiu novos métodos educativos; criou no marasmo pobre da cultura de seu tempo o conceito do cinema educativo; criou o ensino especial para deficientes, ou seja, comparativamente, fez mais pelo ensino que todas as reformas dos últimos tempos têm feito. Não desacreditou professores, deu-lhes antes ferramentas para melhor postularem a transmissão de conhecimentos em aprendizagem mútua da democracia, tal e qual... "Oh Captain, my captain"!.
Poucos são os ministros do alvorecer de Abril, capaz deste mérito do ideal socialista.
Isso mesmo se consagra na Suíça com o registo da passagem deste vulto cultural português;

“Entre 1914 e 1916 António Sérgio esteve em Genève no Instituto Jean-Jacques Rousseau (O bom selvagem), onde conviveu com um «micro-cosmos» muito influente no movimento internacional de renovação educativa.”
Desde a 1ª república que se reconhece o desígnio primeiro do bem comum: A cultura e o saber do povo, em prol da comunidade. Desde aí, com o tempo, mais distante fica este ideal.

Desde a 1ª Republica que não se deu ouvidos a António Sérgio, a assembleia não discutiu a sua proposta de formação de “quadros de excelência”). Mas não se esquece nunca um grande homem que simplesmente “queria treinar futuros cidadãos democratas pelo emprego de métodos da democracia política”. Podem hoje os governantes dele se esquecerem, os mesmos governos (porque democratas) a quem ele exigia a moral antes de tudo e dos governados pretendia um legado, o do saber ser democrático, um povo com acesso à informação e conhecimento, digno do usufruto da cidadania e prosperidade, em igualdade de dieitos e deveres.

Hoje importa lembrar de novo, que não cabe ao povo suportar a ostentação do rei, no pagamento da vassalagem. Hoje o rei está morto e deve ser o governante a suportar a emancipação do povo… a ponte da ignorância para o saber, deve ser de passagem livre e igual para todos, por essa razão lutaram os verdadeiros republicanos, pela comunidade lutam ainda os verdadeiros pensadores do futuro de Portugal. Pensar grandes obras é planear no tempo, assim partiram as naus das descobertas sonhadas pelo “Trovador”, partiram no dia em que foi plantado o pinhal de Leiria, conduzidos pelo Infante que ousou sonhar a obra das descobertas. O saber o manda, que primeiro se plante e depois se colha, na devida estação do tempo, da vida. Conduzir Portugal é planear o futuro…

100 Anos depois da morte do rei, do fim da monarquia, no Centenário da Republica, na actual Assembleia da República gostaria de ouvir um D. Juan qualquer, dizer a quem por falta de carácter e ética na tribuna fala;
-“Por qué no te callas?!”

Pela República e Pela Grei, mas Pelo Progresso.