terça-feira, 11 de maio de 2010

Fátima de Portugal

De Gloria Olivae
10:45, o Papa sobrevoa Fátima, rumo a Lisboa, sob escolta de quatro “caças” da força aérea. A Igreja, abalada pelo escândalo da pedofilia, está assim, momentaneamente na mira de seus detractores, tais caçadores de recompensa pelos males praticados pelo clero. Pelos ares de Portugal o voo papal, risca nos céus um pedido de perdão, não surdo, mas assumido pela máxima figura da Igreja, Bento XVI o peregrino que chega pelo céu.
Em Figo Maduro (árvore também de transcendente simbolismo, a figueira onde Judas pôs fim à vida, arrependido pela traição) os ministros do estado, os governos socialistas, estão sentados, à espera de Sua Santidade, acompanhados pelos representantes da igreja. Cinco minutos depois chegaria o Presidente do país de Nuno Alvares Pereira. O Estado, dito laico mas Republicano por natureza da “Constituição”, não olvida esforços nesta visita, avaliada em mais de 75 M€. Com a maior crise económica mundial assombrando o país, o Sumo pontífice diria, que é chegado ao mundo económico o tempo de mais humanidade pelo sofrimento de todos, ditando assim a primazia do social à economia, em contra-ponto ao Acordo Europeu, o próprio Tratado de Lisboa. A Igreja propondo valores que os estados, as nações, parecem ter esquecido, no mesmo país dos valores católicos, assumidos pela espada da reconquista e pela expansão do catolicismo a novos mundos.

11:05, o Papa desce pela passadeira vermelha, sob um coro de boas-vindas, e cumprimenta o Chefe de Estado, seu homólogo das terras de D. Afonso Henriques, Cavaco Silva que exprime a “alegria e fervor do povo português”, na chegada do sucessor de Pedro, o apóstolo, pedra primeira de toda a Igreja, e o discurso divaga por ambas raízes, as da fé da igreja e aos valores do reino valoroso e dos descobridores do mundo, mais antigo país com fronteiras demarcadas da Europa.
Após o discurso de boas-vindas, o Papa agradece ao estado “que comemora o centenário da Republica”, e esclarece que chega “como peregrino de Nossa Senhora de Fátima”. Depois seguirá para o Mosteiro, simbólico e único, estandarte da grandeza do reino de El-Rei D. Manuel, o mosteiro dos Jerónimos. Chega para expiar os pecados que emanam “do interior da Igreja, a quem o homem fecha a porta”, mas que Maria abre e acolhe, a todo o que vem pela expiação, sob desígnio da esperança na redenção. Reconhece que “foi Fátima que se impôs à Igreja”, não o Vaticano que tutelou a pequena aldeia, o que enaltece a sua primeira viagem ao local de culto, onde “o céu, em 1917, se abriu” na “nobre nação” secular, e por intervenção de três pequenos pastorinhos, fez ajoelhar todo um povo, todos os poderosos do estado, e por fim todas as nações do mundo católico. Cumpre-se Fátima, cumpre-se Portugal.