Aqui D‘el Rey… podem gritar todos os réus, condenados pelo tempo, pela opinião pública mas também pelos juízes. Podem socorrer-se nos buracos da lei ditada pelos (sabemo-lo agora) seus correligionários, indignos deputados da nação, que mudando as leis o fizeram para apenas alívio de alguns. Podem os acusados falar na rádio e na TV, apregoando, mesmo assim, da injustiça das leis, que pelas orelhas emprenham os loucos, os burros e todos que se irmanam na castidade falsa de abusadores de crianças, seja qual for o nome dado.
Pedofilia parece ciência, curso de verão, tudo menos a crueza dos actos praticados, o obrigar de crianças à vilania da corrupção da sua essência… a candura de ser criança, a inocência de olhar um futuro de sonhos, quando de negras nuvens uns usurpadores da dignidade humana fizeram pairar sobre suas vidas. Crianças, que filhas do estado, o próprio pai as violentou, não ouvindo as acusações e depois questionando a sua veracidade.
Podem gritar agora os famigerados “arguidos”, ainda em liberdade passeando no corredor da vida, que no salão das consciências, um porteiro irá reter as suas almas, não passando nunca a porta do bem, a porta da dignidade do ser humano. Errar sendo humano presume o reconhecimento, e estes que agora gritam, não reconhecem ainda o mal que causaram, as almas que profanaram. Aceitar a cicuta pode ser derradeiro, mas ensina a democracia que cabe ao juiz sentenciar se corta o filho a meio, ou ao dono o seu haver…
A história guarda ensinamentos, que nos tempos difíceis surgem a reclamar… A Verdade!
Um terramoto desabou a consciência do estado. El Rey já não manda, é o Marquês de Pombal que governa o povo. Os condenados seguem para os calabouços, os filhos sem mãe para a instituição de nome Casa Pia. Pode então a Rainha D. Maria Pia, olhar a Lisboa reerguida.