"Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!" F.P.
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A alegoria dos tempos no tempo deste novo mundo, este Portugal, reside em não temer, desde que se consiga um Capitão destemido, um Timoneiro que aponte a proa no rumo aos novos temores do mundo moderno, e ouse levar consigo toda a grandeza e vontade deste velho país de marinheiros a novos mundos, a novas esperanças.
O Assombro por Pessoa referido, era o Cabo das Tormentas dobrado por Bartolomeu Dias, onde este perderia a vida após tamanha façanha para o mundo do séc. XV. Camões evoca este momento, tão temido pelos navegadores de então, com a vingança do Cabo que, metamorfose do gigante Adamastor, em sendo vencido pelo arrojo do navegador português, tira a vida do grande argonauta:
"Eu sou aquele oculto e grande Cabo
A quem chamais vós outros Tormentório
(...)
Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu, suma vingança."
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Reformulando o mapa do novo mundo, D.João II manda que se chame ao Cabo das Tormentas, o Cabo da Boa Esperança, e Fernando Pessoa retrata este momento, da vontade de um povo na força de um timoneiro, escreve no poema em MENSAGEM;
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"
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