Foi Janeiro... com um frio de rachar!
É assim, em Janeiro cantam-se "as janeiras" (cada vez menos), regurgita-se a historia da República e canta-se 30 anos de Rui Veloso;
"Ai, p'ra mim, hoje é janeiro, está um frio de rachar... parece que o mundo inteiro, se uniu p'ra me tramaaar..."
No Haiti, "não há estrelas no céu"... na terra, restam os escombros na trama de um povo pobre, ali plantado nas aguas do turísmo exótico das Caraíbas. Ao porto legaram os franceses um nome principesco, onde os primeiros escravos negros ergueram o primeiro país latino-americano independente, da escravidão apenas. De tudo o resto foram sempre prisioneiros, dependentes... e por isso foi Janeiro, Janus - a divindade que olha o passado e o futuro, um Janeiro frio de humanidade, triste, um Janeiro com cânticos de morte.
Hoje no Haiti, as estrelas não brilham, nem com todo o vodou, nem com a fé deixada pelos espanhois. No presente, toda a dependência se ergue mais alto, agora que as casas e palácio ruíram. Entre mortos e feridos, deambulam as crianças sem lágrimas nos olhos, sem governo ou guarida, esquecendo-se que por vezes são as lágrimas que fazem cintilar o brilho das estrelas...