quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Partida de João Martins

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Depois da morte de Jaime Isidoro, parte deste planeta um dos artistas (arquitecto, pintor, aguarelista, escritor e poeta) mais completo na nobre tradição humanista, a de ver o mundo com o olhar que só os sábios possuem e transmitem, em tertúlias ou na sua obra. João Martins! A crítica e a maioria do grande público desconhece, mas serão as melhores aguarelas produzidas, com aparente simplicidade, que um dia dará a conhecer o pintor ao mundo. Os portugueses são assim... passam ao lado das coisas, as coisas belas. Só as reconhecem tarde, por vezes tarde demais!
Partiu assim um dos artistas do nosso tempo, em cuja veias as tintas percorreram apenas para brotarem, pelas suas mãos, as telas mais surpreendentes, a que a Arte sempre reverencia.
Deixou a arquitectura para se entregar por completo à pintura, e o seu pensamento, humanista, materializou-se nos poemas que ia deixando escritos, se por vezes enigmáticos ao nível da iniciação, os poemas espelhavam apenas a simplicidade do sentir da alma, e na prosa, aqui e ali elaborada, ele ria com a vida, e alegrava com o humor do conhecimento quem lia... era isto, o João. Sempre dando um pouco de si, através da sua obra! Era o pedreiro que materializava os sonhos, na pedra por burir de cada vivência, e deixava assim, nas telas, um pouco de si, que servisse o outro. Outros predestinados a conhecer os princípios da Transmutação do vil metal em Ouro. Fez o que fazem os mestres, mostrando sempre um caminho distante mas de trilho iluminado por entre as brumas de nevoeiro... Até que,
Partiu! Na madrugada fria e chuvosa de 19 de Dezembro, antes da insana previsão Maia do fim do mundo. Ele que sabia do fim desta era, Peixes, e que desde sempre revelou uma nova, vindoura, a Era de Aquário, que chega.
O mestre partiu, para o mundo do insondável, foi apreciar novas paisagens de cosmos sonhados pelos alquimistas, juntamente com os mestres do iluminismo. Adeus! Fica-nos a lembrança, e a preciosidade da sua obra. Os que o conheceram, poderão dizer agora, como ele queria ser lembrado;
Adeus, João, foste um  tipo porreiro... ADEUS