De Caim sei-o filho de Eva. Dos copistas dos textos sagrados, ainda hoje não sabemos de sua morte. Ou morto por um seu descendente ou apenas porque lhe caiu o telhado em cima. Mas da maior incerteza, os setenta sábios da antiga Grécia, nada disseram da serpente, da tentação de Eva. Adão sabe que foi expulso das estepes paradisíacas, apenas porque Eva traiu a vontade divina. À sua primeira casa, onde Deus criou o homem, resta a memória de um jardim pleno de felicidade… até então não se conhecia o mal. Mas nas hostes celestes, um anjo desafiava o poder de Deus, e perante a criação divina desafiou por rebeldia a posse da criação. Se não reinasse nos céus reinaria na terra, e tudo isto se passava na eternidade antes da criação? O objecto criado apenas pode ter consciência da sua criação, após criado… antes disso, é a eternidade insondável e misteriosa. Depois, Deus criou o mundo e por último, o primeiro homem. Deste fez a mulher e assim destinou a descendência de toda a humanidade. E o homem tomou consciência de si, gerado à semelhança divina, Adão chamaria de pai a Deus…
(imagem... da civilização)
Depois veio a vergonha e a consciência do pecado. Por ter somente acedido a trincar o fruto da sapiência, do conhecimento, a maçã que lhe fora oferecida, pelas mãos de Eva, pelo ardil do inimigo de Deus.
(imagem... do homem e anjos)
Mas como foi que tudo começou? Com o nascimento do filho do homem? Adão teve dois filhos, Caim e Abel… e assim começa a saga do Homem. Um dos dois filhos seria seu, apenas Eva saberia dizer qual. Sabemos da serpente, que Deus a prosternou a rastejar, e seria calcada por uma mulher, mesmo que ferida no seu calcanhar. Mas qual, o filho da condenada serpente, Abel ou Caim o construtor de cidades? Os Samaritanos chamaram-no de agricultor, não de arquitecto, e a sua descendência seria condenada a errar pelo mundo, e a perecer no Diluvio – tudo isto, porque não oferecera a Deus uma oferenda de sangue, como teria Abel feito, sacrificando um pequeno bezerro. A dúvida de qual dos dois primeiros irmãos da humanidade, é de linhagem divina, resta em interpretações, tão misteriosas como o desconhecimento que resta do absoluto. Qual o filho do Homem, o filho de Adão? Como poderia a serpente fecundar Eva? Adão conheceu Eva e dela gerou Caim, Abel, e mais tarde, Set, o filho da linhagem divina, da "raça dos filhos de Deus"…
Um anjo banido do reino divino, Lúcifer, por sua rebeldia, teria ardilosamente tomado a forma de serpente, enganando a criação divina, com o fruto da árvore sagrada, o fruto proibido? O mito do poder hipnótico associado à serpente, poderia enganar a inocência de Eva? Porque Deus optou por um dos dois filhos, sendo ambos descendentes do primeiro casal da terra? Os textos sagrados dizem que Deus deu a explicação; valorizava com mais apreço o sangue animal que os vegetais da terra, a oferta dos frutos e primeiro cultivo de Caim, que Deus não apreciava como oferenda, valorizando mais o sangue animal, na oferta de Abel, o pastor, seria a forma do anjo rebelde provocar antes a soberania de Deus de que prejudicar o Homem? A árvore de frutos da qual Adão fora proibido de tocar, sendo árvore do conhecimento, pretendia que a criação do homem, não tivesse consciência de, em si mesmo, ser uma manifestação divina? Como poderia então Adão adorar Deus? Nunca o saberemos, pois que sabendo desses mesmos desígnios para a espécie humana, o anjo caído aproveitou um momento de indecisão de Eva, e perguntou “porque não comes do fruto da árvore?” A tentação é um apetite, mas é também um desejo… o fruto era, o conhecimento. Que poder ambicionava o príncipe das trevas, o poder do mal ou do governo da terra? Não sabemos, dos escritos, resta a parábola, a forma simbólica, a Génese da criação do homem e do pecado, do bem e do mal. De todo o saber adquirido pelo homem, do seu início tudo está envolto num sono letárgico, porventura a surgir no fim da batalha entre as divindades. Tudo parece uma guerra entre deuses e semi-deuses, envolto na névoa do Olimpo, confuso que fico entre divindades e criação. Dos textos legados, por quatro séculos transmitidos e por outros quatro séculos feito em Escritura, mesmo que se resuma a um só livro, um Bíblico, ficam as dúvidas com uma única certeza – a existência da criação, do Homem, com o que emana de Bem e de Mal.
Resta hoje, a percepção de todos sermos uma particula de uma consciência maior, uma centelha divina. A consciência de sermos Filhos da Divindade, da Serpente e do Homem.
No poema "Cântico Negro" (declamado por João Villaret) José Régio dizia; "Deus e o Diabo é quem me guia"
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