quarta-feira, 25 de novembro de 2009

De Fernando Pessoa para Bartolomeu Dias


"Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!" F.P.
*
A alegoria dos tempos no tempo deste novo mundo, este Portugal, reside em não temer, desde que se consiga um Capitão destemido, um Timoneiro que aponte a proa no rumo aos novos temores do mundo moderno, e ouse levar consigo toda a grandeza e vontade deste velho país de marinheiros a novos mundos, a novas esperanças.
O Assombro por Pessoa referido, era o Cabo das Tormentas dobrado por Bartolomeu Dias, onde este perderia a vida após tamanha façanha para o mundo do séc. XV. Camões evoca este momento, tão temido pelos navegadores de então, com a vingança do Cabo que, metamorfose do gigante Adamastor, em sendo vencido pelo arrojo do navegador português, tira a vida do grande argonauta:

"Eu sou aquele oculto e grande Cabo
A quem chamais vós outros Tormentório
(...)
Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu, suma vingança."
*
Reformulando o mapa do novo mundo, D.João II manda que se chame ao Cabo das Tormentas, o Cabo da Boa Esperança, e Fernando Pessoa retrata este momento, da vontade de um povo na força de um timoneiro, escreve no poema em MENSAGEM;

"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"

terça-feira, 17 de novembro de 2009

TVI - o Jornal das Sextas

A voz que uns quiseram calada, outros que a boca permanecesse sonora e audível, reaparece para inquietação dos grandes no "Portugal dos Pequeninos". Manuela indaga com a estranheza incisiva da linha editorial de um jornalismo que falta (agora que as sextas são domingos cinzentos na informação televisiva) e a pergunta atordoa a Justiça, a Presidência, o Governo, o PS, as faces ocultas ("As más companhias" de que falava Miguel Sousa Tavares) que por inércia ética, premiaram a Primeiro... José Sócrates. Mas também os que sempre acharam ser de "travestismo", a forma directa com que MMG se apresentava na cadeira da "audiência pública".
Quando tremem os alicerces da democracia, adivinha-se um regime prestes a ruír... o perigo reside nos escombros, na matéria que se aproveita para erguer um novo edificio, um outro Portugal! A ironia, de tudo isto, está num partido que ergueu o punho da revolução de Abril, feito de poetas da liberdade e honesta gente da solidariedade, agora ver desmoronar o sonho, como pétalas de rosa espalhadas ao vento. Todo este vendaval, tudo isto, com uma simples pergunta;
Onde está o Presidente do meu país??
«não sei onde está o Presidente do meu País!!!! Por favor, digam-me, onde está Cavaco Silva?»
actualização sexta 5 Fev. 2010 - divulgado pelo jornal SOL, a mentira e envolvimento de José Sócrates na Face Oculta.
Agora um Sócrates visível...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Os Putrefactos da Lusa Pátria

*
NÃO, NÃO ACREDITO

Não, não acredito…
Não acredito num Portugal assim
Neste troar de ventos da tempestade

Entre os justos da pobreza desdita
E os ricos sem nobreza que alvitram
Desenhando o país que se fica

Não, não acredito…
Num presidente que não comenta
Não acredito, friso, nem confio
Num primeiro-ministro que mente

Da bondade dos poucos, sendo muitos
Não acredito, nem nisto nem naquilo
Que dizem ser bom, ou estará tudo louco?!
Que de bom fica, se tantos transtorna?

Este Portugal de agora que se tolhe
Entre o passado e futuro, neste presente
Revolta os ventos e da lisura os torna
Em tornados nefastos e desventurados

Não, não acredito…
Neste presente, sem reino
Nem acredito qu'em dar, não s'espere receber

Poemas d’Outono de 2009 MIM
(não editado)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Jorge de Sena

Jorge de Sena faria 90 anos a 2 de Novembro 2009.
31 anos depois de ter morrido na Califórnia, Sena só regressou à pátria depois de morto.
Jorge de Sena - um dos maiores escritores do século XX, um dos gigantes da Língua Portuguesa. (Um surrealista da arte escrita, com a imortalidade de Camões e Fernando Pessoa)
Da poesia de Jorge de Sena ao seu único romance, Sinais de Fogo, da veia satírica à intensidade erótica da sua obra, dos ensaios sobre outros autores à sua relação com os alunos, Jorge de Sena (o poeta sr. professor de literatura) é-nos devolvido por Eugénio Lisboa e Jorge Vaz de Carvalho como nunca o viu.*
Damos-lhe ainda (ver RTP2 - Camara Clara ) o Sena por Mário Viegas e por João Grosso. E Eugénio de Andrade, sobre o Sena, pela voz de Jorge Vaz de Carvalho (barítono, licenciado em Línguas e Literaturas Modernas)
* Um registo televisivo de Paula Moura Pinheiro que contribui, assim, com uma pequena luz, entre nós, para a grandeza do brilho lusitano.